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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Lavage de la Madeleine 2010

Para quem conhece um pouco Salvador, a história pode parecer velha. Baianas e baianos vestem suas roupas brancas, põem seus colares de candomblé, pegam rodos, vassouras, baldes, água-de-cheiro, e se postam diante da Igreja do Senhor do Bonfim no primeiro domingo de janeiro, ano após ano, e juntos, começam a lavá-la, degrau por degrau. O que pouca gente sabia até ler esse post, e é que o mesmo ritual acontece, nove meses depois, em terras gaulesas, aqui na França.

Desde 1998, um baiano chamado Roberto Chaves organiza uma espécie de Lavagem do Bonfim em uma das principais igrejas de Paris. Nos primeiro anos, o ritual acontecia diante da igreja do Sacré Coeur (Sagrado Coração) – mas só diante, pois o padre não autorizava uma missa em português no templo. Em 2000 a história mudou: Chaves passou pela Église de la Madeleine, encantou-se com a escadaria, conversou com o padre, descobriu que ele visitara e se apaixonara pelo Brasil, e em pouco tempo o acordo estava feito. Assim, em setembro, no último domingo das férias escolares, a igreja é tomada por uma multidão de brasileiros também vestidos de branco, carregando rodos, vassouras e água-de-cheiro: é a festa da Lavagem da Madeleine.

Chaves é baiano de Santo Amaro, “terra de Caetano Veloso”, como gosta de frisar. Vive há mais de uma década em Paris, onde trabalha como cantor e compositor. Sem poder voltar ao Brasil todo ano para acompanhar a Lavagem do Bonfim, uma das cerimônias religiosas mais importantes da Bahia, resolveu reinventá-la por conta própria. Uma noite, sonhou que vira Paris em branco, com baianas e flores por todos os lados. Acordou e foi procurar uma igreja. Pensou em Notre Dame, onde Napoleão Bonaparte foi coroado imperador. E só abandonou a idéia por um problema técnico: não havia escadas para lavar. Chaves diz que a igreja da Madeleine foi a escolha perfeita para sediar um ritual popular, “pelo boato de que Maria Madalena havia sido uma prostituta, alguém do povo.”

Ano após ano, a Lavagem da Madeleine atrai mais brasileiros e franceses às escadarias da igreja. Segundo Chaves, em 2006 foram mais de dez mil pessoas. Entre elas, havia uma comitiva de baianas e um padre trazidos diretamente do Brasil, com o apoio do Ministério da Cultura. J. Vasconcellos é o produtor da “caravana da Madeleine” na Bahia. Além de escolher o padre, ele seleciona uma série de pessoas para jogar capoeira, tocar atabaques e desfilar com roupas típicas de baianas. Vasconcellos diz que “essa é uma outra forma de apresentar os brasileiros, que não por meio de bundas e mulatas, mostrando um pouco do nosso catolicismo e do candomblé”.

Nesse ultimo domingo, dia 19 de setembro 2010, tivemos mais uma edição desse evento brasileiro em Paris, a Lavagem das escadarias da Igreja Madeleine. Um grupo de alegres baianas, nem sempre composto somente por brasileiros, acompanhadas por músicos e um trio elétrico, a edição de 2010 teve como convidado especial 2010, o grupo Psirico:


Vejam mais imagens da festa brasileira em Paris:















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